UM OLHAR SOBRE A PRÁTICA DA DANÇA DE SALÃO

Nos últimos anos, tornou-se crescente o número de reportagens abordando diversas experiências no que diz respeito à dança.No âmbito educacional, enquanto cultura do movimento, a dança tem sido reivindicada como uma das práticas corporais de que se vale a Educação Física para exercer a sua ação pedagógica. Mas resgatemos um pouco de sua historia.

No seculo xlx, a dança começou a fazer parte dos encontros da
nobreza em seus salões; a dança de salão, denominada genericamente como
danças sociais, executada aos pares, em bailes, ou reuniões, deixa de ser
considerada coisa de velho e fora de moda, para fazer parte da Educação da aristocracia da época, diferenciando-se da classe pobre que praticava as
danças folclóricas.
Pode-se dizer que não foi da noite para o dia que a dança de salão se
tornou uma prática de excelência; tem sido necessário estudar, investigar e
praticar para poder entender o prestígio desta atividade.
A dança de salão evoluiu, e o homem que até então era visto como
um simples cavalheiro que acompanhava a dama pelo salão, passa a ser mais
participante, mais receptivo e começa a se expressar.
Entrar no cobiçado mundo da dança de salão não é tarefa simples.
Ela rompe as portas do século XXI, englobando os vários ritmos com uma
diversidade rítmica e uma variação de andamentos que atende desde as
necessidades dos mais jovens que precisam gastar as suas energias
acumuladas, aos anseios de uma população que anseia por uma vida plena e
feliz, como é o caso da Terceira Idade.
Observamos que a mídia tem contribuído para o desenvolvimento
dessa prática, ao confirmar que ela está muito viva e contribui para a
qualidade de vida do seu praticante.
A dança como forma de expressão e comunicação, estimula as
capacidades humanas e pode ser incorporada à linguagem oral, por exemplo.
Assim como as palavras são formadas por letras, os movimentos são formados
por elementos, a expressão estimula e desenvolve as atividades psíquicas de
acordo com os seus conteúdos e forma de ser vivida, tanto quanto a palavra,
(Laban,1990).
A dança a dois, é uma atividade saudável que traz benefícios para o
corpo, como a melhoria da capacidade física e redução dos estados
depressivos. Provavelmente, o que todos querem diante da pista de dança, é
simplesmente a busca do prazer.
A dança é uma forma de linguagem composta por outras linguagens
artísticas (música, teatro, literatura e artes plásticas) que, dependendo do
espetáculo apresentado, ou do tema encenado, apresenta uma linguagem
específica. Seja o Jazz, o moderno, o contemporâneo, o sapateado, as danças
de salão, as danças folclóricas, etc., todos os estilos possuem as suas
peculiaridades que os tornam únicos. Saber expressar os vários ritmos e
estilos é uma arte que requer muita prática.
Para Duarte Jr (1995), a dança é compreendida como arte porque é
capaz de criar formas expressivas dos sentimentos humanos, sendo uma
forma de comunicação. A prática da dança apresenta uma riqueza em
expressões não verbais e esta linguagem não deve ser desconsiderada. É
necessário buscar subsídios nas formas mais puras da linguagem, a oral e a
escrita, para entender e descrever a linguagem deste corpo que fala, sem
dúvida.
De uma maneira geral, a dança tem origem nos movimentos naturais
e sua seqüência de criação colabora com a variedade de estilos que nos leva a
um mesmo objetivo: descobrir e desenhar o corpo no espaço, levando-nos a
experiências de caráter emocional que expressam o nosso íntimo.
Garaudy (1980:24), descreve a dança como a “expressão através dos
movimentos do corpo organizado em seqüências significativas de experiências
que transcendem o poder das palavras e da mímica”. Para ele, à medida que o
dançarino toma consciência das suas possibilidades através da dança, e se pré dispõe a praticá-la, ele transfere essa segurança para as suas atividades
cognitivas de maneira que o seu desenvolvimento se torne harmonioso na
comunicação e expressão, e nas características reais e integrais do corpo, ou
das partes dele.
Complementando o autor, Sant’Anna (2001:71), diz que o “corpo
constitui nosso espaço cotidiano: é nele e por ele que sentimos, desejamos,
agimos e criamos”. Percebemos, assim, que é difícil descrever sucintamente os
sentimentos através do discurso da dança de salão, pois em qualquer atividade
artística, os sentimentos se concretizam na forma que pode ser percebida.
Dançar é uma arte. Os gestos, a expressão, é a manifestação do
movimento humano.
Ms. Cleuza Maria de Almeida,docente da Faculdade de Educação Física da Pontifícia Universidade Católica de Campinas e ESEF de Jundiaí.